segunda-feira, 24 de setembro de 2012

opinião... (d)o analfabetismo das coisas... de carlos botelho... via cachimbo de magritte...!

"Durante semanas, foram, deliberadamente, deixadas suspensas dezenas de milhar de pessoas - com famílias, muitos com cinquenta ou mais anos, sem terem como saber onde serviriam no ano lectivo seguinte. Depois de terem ensinado tanta gente durante anos. Um secretário de estado, como que encolhendo os ombros, limitou-se a dizer, na altura, que talvez ficassem a saber do seu destino três semanas depois. Ou, acrescentou generoso, talvez mais tarde. Hoje, muitos, com mais turmas e sobrelotadas, estão deslocados a não poucos quilómetros de casa. Não custa imaginar uma professora de cinquenta e cinco anos, conduzindo todos os dias dezenas de quilómetros engarrafados, para dar aulas, que preparou, a quatro ou cinco turmas de trinta alunos, quando, um ano antes leccionava três ou quatro turmas mais pequenas. Pelo contrário, os docentes mais novos, note-se, estão dotados com menos tempos lectivos ou, pura e simplesmente, não estão sequer colocados. É difícil encontrar algum senso nisto. A não ser, talvez, o de tornar a vida profissional dos docentes mais velhos tão custosa, que, brutalmente, os empurre para aposentações antecipadas. Tudo isto, como sabemos, é antropologicamente possível. A não ser que creiamos piamente serem os governos integralmente constituídos por anjos não caídos.

 Os professores foram tratados como reses. Só que, desta vez, tudo se passa como se o gado estivesse, afinal, do outro lado. Numa espécie de inversão antropológica, são os bois - incapazes de ver palácios - que estão encurralando os homens e não o contrário.

Os que, colando-se patrioticamente ao governo, vão clamando o estribilho simplista (mas eficaz, claro) de "a Escola servir para os alunos e não para os professores" (como se essa oposição tivesse uma existência mais do que retórica...), esses deveriam parar para pensar e interrogar-se que serviço presta aos alunos todo este processo abjecto.

É ainda mais... interessante que tudo isto, a saber, todo este destrato de dezenas de milhar de licenciados experientes, seja praticado por um governo que alberga no seu interior uma personagem civicamente homuncular, que, tendo pastado inúmeras "equivalências" algures, para nossa vergonha, se vai passeando ufano e tem ainda o descaramento esbofeteável de dizer nas nossas barbas que "norteia a vida pela procura do conhecimento permanente"."

para ler toda a entrada... aqui.

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