terça-feira, 2 de setembro de 2014

coisas da educação... 'começar as aulas cedo não é bom para a saúde dos adolescentes' [esta é muito boa]...!


no i 'online'...



"Segundo a orientação, durante a puberdade o relógio biológico altera-se e o sono começa a chegar até duas horas mais tarde, o que significa que para a maioria será difícil deitarem-se antes das 23h.

Nos Estados Unidos, 40% das escolas começam as aulas antes das 8h, daí o alerta reforçado dos pediatras, que vêem nestes factores biológicos uma das razões de a maioria dos adolescentes não fazerem as 8,5 a 9,5 horas de sono recomendadas. Dão exemplos de escolas que adiaram o início das aulas com bons resultados. No caso de 18 mil alunos do secundário de Minneapolis, atrasar a entrada das 7h15 para as 8h40 traduziu-se em média em mais uma hora de sono. Já comparando as noites de 9 mil alunos do Colorado, do Wyoming e do Minnesota, concluiu-se que, entre os que entravam às 8h55, 66% dormiam mais de oito horas. Algo só conseguido por 33% dos que entravam às 7h30.

Jet-lag crónico Em Portugal as escolas têm autonomia para fixar horários. Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, admite que até às 8h30 já soou ou está a soar o primeiro toque na maioria das escolas públicas, mas algumas começam mais cedo, pelas 8h. A carga curricular e a necessidade de, por vezes, haver dois turnos porque os alunos não cabem todos na escola - hoje é menos habitual - faz com que as aulas no público comecem cedo. No privado não é diferente, havendo colégios a começar antes das 8h.

Além de pesar os meios da escola, ajustar os horários à rede de transporte e à vida dos pais acaba por ser uma das preocupações de quem organiza o ano, explica Manuel Pereira, lembrando também que a neuropsicologia defende que os jovens de manhã estão mais aptos para receber matéria. Teresa Paiva, especialista em sono, concorda que as aulas devem começar de manhã, mas podia ser um pouco mais tarde, pois está provada a "tendência noctívaga" nos adolescentes e o impacto que a carência de sono tem no seu bem-estar, com mais cansaço, ansiedade e comportamentos de risco. Mas o grande inimigo é o estilo de vida actual: "As redes sociais aumentaram essa tendência noctívaga e, por outro lado, mesmo havendo vantagens para a saúde dos filhos, os pais teriam de começar a trabalhar mais tarde, o que não parece praticável."

O resultado está à vista: em Portugal, como nos EUA, uma grande percentagem dos jovens não fazem oito horas de sono e saltar da cama para a escola envolve outros problemas. "Não tomam o pequeno-almoço ou só o tomam depois do intervalo", diz Teresa Paiva, defendendo que os pais devem impor regras que protejam a saúde dos filhos, mas também sensibilizá-los para a necessidade de descansar.

Mensagens erradas Se mudar os horários pode ser complicado, a médica diz-se mais preocupada com mensagens erradas que passam para os jovens. Um exemplo recente, aponta, surge numa campanha de regresso às aulas em que um rapper canta "passo a noite acordado e estou presente à hora do toque". Para a médica, estas afirmações deviam ser proibidas, pois contrariam a educação para a saúde que se tenta promover, por exemplo no projecto Sono Escolas, que lançou em 2009.

Por outro lado, alerta, é preciso moderar a forma que os jovens encontram para compensar a carência de sono durante a semana. Um dos problemas são as sestas depois da escola, já ao fim da tarde, que vão fazer que o sono à noite demore ainda mais a chegar. Já ao fim-de-semana, deitam-se de madrugada e dormem mais de dez horas. "Temos jovens em jet-lag crónico. Com esta diferença de sete horas no padrão de sono é como se fossem semanalmente a Nova Iorque." Também as actividades extracurriculares deviam ter mais limites, defende, sublinhando que noutros países os clubes terminam as actividades às 20h: "Cá há cada vez mais adolescentes com treinos até às 22h e às vezes só jantam depois dessa hora."

Que pensam eles com as aulas prestes a começar? Vai custar mas entra-se na rotina. Contudo, admitem que muitas vezes os professores têm de chamar a atenção e nada os acorda tão bem como um teste à primeira hora. "Geralmente fazem perguntas aos que estão mais a dormir", conta João, de 15 anos. Vai para o 10.o ano numa nova escola e, se até aqui entrava às 8h30, o toque vai passar a ser às 8h45. Uma benesse de 15 minutos que não espera que mude os horários de deitar: "Deito-me entre as 22h e as 00h. Já me deitei às 2h e já sei que quanto mais tarde pior."
Manuel, de 14 anos, entra às 8h30 mas chega a deitar-se de madrugada. Quando regressa a casa, antes de estudar, dorme uma hora e toma banho para de manhã só demorar cinco minutos. Por ele entrava às 10h. Mas o senão é fácil de prever e não agrada a nenhum: sair mais tarde. "Era preciso haver menos disciplinas", diz Nuno, de 15 anos, que entra às 8h mas, "às escondidas", nunca cumpre a hora de ir para a cama."
 
 
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