...
"Este país em que os recursos são transferidos do público para o privado e
em que os rendimentos são canalizados do trabalho para o capital, dos
cada vez mais pobres para os cada vez mais ricos, «só» é de crise para a
grande maioria. Para os outros, é um campo imenso de oportunidades de
negócios, mais ou menos lícitos mas plenos de promessas de lucro. Quando
os enquadramentos legais e institucionais são frágeis, ainda por cima
num ambiente social em que a acção colectiva de contra-poderes cidadãos
(sindicais, associativos, etc.) é insuficiente, os ambientes altamente
competitivos e a promessa de lucros frágeis, no contexto atrás descrito,
promovem todo o tipo de práticas lesivas do interesse público,
corrosivas do bem comum. Mesmo sabendo que parte das dificuldades da
acção colectiva também resulta da própria situação de crise – que leva
os que mais precisam da mudança a dedicar todo o seu tempo à sua própria
sobrevivência diária –, não podemos deixar de investir as forças que
temos na organização do combate feroz a este sistema criado para gerar
mais desigualdades, mais corrupção, mais vidas perdidas. O nome desse
sistema é neoliberalismo e, por agora, os presos nas malhas da
desigualdade somos nós."
no le monde diplomatique [artigo completo]... aqui.
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