terça-feira, 10 de março de 2015

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Expresso
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Pedro Santos Guerreiro
Hoje por Pedro Santos Guerreiro
Diretor Executivo
 
10 de Março de 2015
 
Os homens dos presidentes
 

O PSD que olhe para a Maia, onde Belmiro de Azevedo olhou para o Bloco de Esquerda e propôs que a Sonae passe a ter dois presidentes. Desde que não seja Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, talvez funcione. Ou Marcelo e Santana, que têm em comum o amor pelo partido, o amor por deitar tarde e o amor pela Presidência. Dividirem o palácio de Belém seria inovador: um governo, uma maioria, dois presidentes…

A corrida à corrida a Belém está a transformar-se numa comédia, como se viu pelo afã com que Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Santana Lopes seconsideraram presidenciáveis, numa interpretação criativa do que pensa Cavaco Silva. Depois de ter falhado em 2013 uma proposta de acordo entre PS, PSD e CDS para um governo de Salvação Nacional, o Presidente dedicou parte do prefácio do seu livro Roteiros deste ano a desenhar o perfil do seu sucessor. Um tomo que, segundo o Nicolau Santos, ficará “muito bem na estante a criar pó”. Se Marcelo comentasse Marcelo diria que Marcelo soltou a franga; se Santana comentasse Santana diria que Santana anda por aí à procura de vir para aqui. Como diria Herman José nos anos 90, “eu é que sou o presidente da junta de salvação nacional”.

Presidente foi Belmiro de Azevedo, quase desde o princípio até quase ao fim da sua carreira de quase 50 anos, que agora parece chegar ao fim. A proposta de que Paulo Azevedo e Ângelo Paupério dividam a presidência executiva da Sonae parece ser na prática duas passagens de testemunho: a de Belmiro para Paulo como “chairman” (presidente não executivo); a de Paulo para Paupério como “CEO” (presidente executivo). Paupério é um histórico da Sonae e já em 2007 fora uma das hipóteses para a liderar.

A fotografia na primeira página de quase todos os jornais de hoje não é quem entra, é mesmo quem sai: Belmiro de Azevedo. Aos 77 anos, o gestor “não quer nem sabe estar quieto”, diz o editorial do Diário Económico. No DN, Fernando Câncio traça o perfil do presidente. Deste, não do outro: Belmiro, “o filho da costureira e do carpinteiro que fundou uma dinastia”.

Belmiro não é a única fotografia nas primeiras páginas do dia. O Correio da Manhã noticia que, em cinco meses, o Novo Banco descontou 13 milhões de euros para as pensões da equipa de Ricardo Salgado. Estes descontos agravaram os prejuízos do banco, que foi o mais perdulário de todos num ano em que, dos grandes, só o Santander teve lucro. No Expresso Diário, somámos: os prejuízos da banca em 2014 foram de mil milhões de euros. E isto sem contar, claro, com a anormalidade das perdas semestrais de 3,6 mil milhões com que o BES se despediu de nós em julho.

Hoje, Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, vai ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso Espírito Santo. Uma aposta que vai dizer que o grande desafio da banca é a rentabilidade?

O Bloco de Esquerda quer que nem mais um BES (nem mais um BPN, um BPP, um Banif, um BCP) nos ameace e fez uma proposta “para acabar com a promiscuidade na banca”. A proposta de Mariana Mortágua e Catarina Martins é simples: os bancos devem deixar de poder vender títulos que financiem grupos económicos com que tenham relações. Assim o BES não teria vendido papel comercial do GES. Segundo o Diário de Notícias, também o PSD e o CDS hão de apresentar propostas, no sentido de “apertar o cerco aos conglomerados mistos, como o GES, delimitando os negócios cruzados.”
 
Quem nunca tinha ouvido falar do BES era Marc Roche, autor de "Banksters - Uma Viagem ao Submundo dos Banqueiros", que esteve em Lisboa para apresentar a obra. Como Cavaco, também Roche escreveu um prefácio, mas sobre o colapso do BES. Roche deu uma longa entrevista ao Expresso, que será publicada hoje no Diário. Para abrir o apetite: os banqueiros escapam sempre, só os traders, os "soldadinhos" nos computadores, ou os bodes expiatórios são julgados e encarcerados; os reguladores também escapam ao juízo, saem por uma porta e entram por outra, diz.

OUTRAS NOTÍCIAS
Está tudo doido a falar das novidades da Apple, apresentadas ontem, o que confirma o talento da empresa para ter grande visibilidade mediática sem gastar um tostão em publicidade. O grande foco de atenção é o Apple Watch, o relógio com que até poderemos falar: “Estou à espera disto desde os cinco anos”, disse o presidente, Tim Cook. Também os finíssimos computadores Notebook foram apresentados: “Só não são leves é nos preços”. Estes portáteis podem ser o futuro, mas não o presente, qualifica o The Verge.

Berlim mostra o seu crescente mal-estar com o Syriza, mas o Eurogrupo continua a negociar com a Grécia, mas agora são "questões técnicas” sobre como implementar o acordo de princípio já firmado na semana passada. Maria Luís Albuquerque diz que estamos na mesma, como a 20 de fevereiro, mas o ministro estrela do encontro de ontem voltou a ser o grego Yanis Varoufakis, que aliás não cumprimentou a ministra portuguesa, “uma vez que ficou sentado do outro lado da sala”.

Dois helicópteros chocaram na Argentina nas filmagens de um “reality show”. Todos os que viajavam morreram: dois pilotos argentinos e oito passageiros franceses, incluindo os desportistas medalhados Florence Arthaud, Alexis Vastine e Camille Muffat.

Nicolás Maduro pediu ao parlamento venezuelano para legislar contra a ameaça imperialista americana. É a reação à decisão de Obama de considerar a Venezuela uma ameaça à segurança nacional.

A Liga Portuguesa contra o Cancro é a entidade preferida pelos contribuintes na consignação de parte da colecta do IRS e donativo do benefícios social do IVA, noticia o Negócios. Ao todo, as Instituições Particulares de Solidariedade Social vão receber este ano 12,7 milhões. 

Os encargos líquidos do Estado com parceiras público-privadas dispararam quase 60% no ano passado, para 1,544 mil milhões de euros, revela o Público. O valor está dentro das previsões, que foram refeitas para acomodar diversas derrapagens.

FRASES
Consegue ou não o Partido Socialista, sob a liderança de António Costa, modernizar-se, e afirmar-se como mais liberal (essa palavra para alguns maldita) e reformador”?, pergunta António Carrapatoso no Observador.

O próprio Cavaco pode servir como referência [para o perfil do próximo Presidente da República]. É com atenção como ele faz. E fazer diferente”,Bartoon, no Público.

O que Cavaco Silva não percebeu foi que esta simples distração [de Passos Coelho com os seus descontos para a Segurança Social] faz ruir a caixa-forte ideológica deste Governo”, Fernando Sobral, no Negócios.

O caso Tecnoforma é mais grave do que o caso da Segurança Social. O caso PT é mais grave do que o caso Tecnoforma. O caso BES é mais grave do que o caso PT. E o caso Sócrates, a provar-se, é o mais grave deles todos.” João Miguel Tavares, no Público.

Os banqueiros estão acima da lei”, Marc Roche, na Rádio Renascença

O QUE EU ESTOU A LER
O meu namorado do Estado Islâmico: a vida oculta de uma repórter com um terrorista” (tradução livre) é a história de Anna Erelle, jornalista parisiense de 32 anos, que criou o perfil falso de “Melodie” nas redes sociais para entrar em contacto com guerrilheiros no Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico. Algum tempo depois, começou a “namorar” à distância com Abou-Bilel, um jiadista na Síria. “Quando aqui chegares, serás tratada como uma princesa”, escreveu-lhe. A relação evoluiu ao ponto de “Melodie” se tornar conhecida na comunidade online. No final, desmascarada, ficou ameaçada de morte: “Irmãos de todo o mundo: se a virem, matem-na”, escreveram. A história vem contada no New York Post.

 As “noivas da Jihad” são um fenómeno crescente, com centenas de mulheres a voarem para a Síria desde a Europa para se casarem com guerrilheiros jiadistas que nunca viram. No sábado, houve notícia pela primeira vez de uma mulher morta em combate: Ivana Hoffmann tinha 19 anos.

Não é um fim muito bem disposto da newsletter de hoje, concedo, o mundo é o que é e a vida está como está. Mas o sol em Portugal também brilha como brilha, neste março de adeus ao inverno. Amanhã estará aqui o Martim Silva para lhe servir seu o Expresso Curto. 

Tenha um dia bom.

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